segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sergio Rodrigues por nós:



Sérgio Rodrigues nasceu em 1927, na cidade do Rio de Janeiro, seu pai foi um grande artista plástico com obras que eram um intermédio do art deco e do modernismo. Segundo o próprio Sérgio foi de seu pai que recebeu, como herança, a paixão pelo desenho. Seu tio avô James, foi quem o encaminhou para o design, ele tinha uma oficina onde criava algumas peças e seus funcionários as faziam virar realidade. Desde garoto ele já se interessava e acompanhava o trabalho deste tio, ficava impressionado com o artesão que conseguia ler o desenho e fazer a peça em três dimensões.
Apesar de todas essas influências Sérgio queria ser projetista de aviação, mas para isso era necessário que ele ingressasse na escola de cadetes, porém não conseguiu. Então sugeriram, que fizesse arquitetura, e assim o fez na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.
Ainda cursando a faculdade, ao final dos anos 40, percebeu que a arquitetura brasileira, vivia um grande momento. Recém formado, notou que o interior das casa e prédios projetados por grandes arquitetos como: Oscar Niemeyer, Lucio Costa e companheiros não seguiam o espírito inovador das construções. “Eles usavam movéis do estilo colonial ou peças importadas. Faltava ao mobiliário a mesma identidade nacional que tínhamos conquistados na arquitetura.” Sérgio Rodrigues.
A principio trabalhou com David Azambuja, Flávio Regis do Nascimento e Olavo Redig de Campos, no projeto do Centro Cívico de Curitiba, como arquiteto indicado por um de seus professores de faculdade.
Durante sua estada em Curitiba, em 1954, ele conheceu o arquiteto italiano Carlo Hauner que chegou à cidade com a intenção de fazer a ambientação do Palácio do Governo. Fizeram então uma sociedade, instalando a loja Móveis Artesanal Paranaense, em Curitiba, porém ela só durou seis meses. Hauner então fundou a Forma em São Paulo, com outros com outros dois sócios e convidou Sérgio para trabalhar. Foi o primeiro brasileiro da Forma a fazer ambientação de interiores. Hauner então sugeriu a Sérgio que criasse seu próprio negocio no Rio de Janeiro.
Desta sugestão surgiu a Oca, em 1955, nome que define a intenção de retomar o espírito da simplicidade da casa indígena, integrar passado e presente na cultura material brasileira a Oca instalada inicialmente no Rio de Janeiro, praça General Osório em Ipanema, foi criada como um estúdio de ambientação, cenografia e componentes de decoração além de galeria de arte. “A Oca é casa indígena, casa indígena é estruturalmente pura, nela os utensílios, o equipamento os apetrechos e paramentos pessoais em tudo se articulam e integram com o apoio formal em função da vida. A simples escolha do nome define o sentido da obra realizada por Sérgio Rodrigues e seu grupo” Lucio Costa.
Seguindo o vanguardismo das décadas de 50 e 60 o design de interiores voltou seu foco para o uso de materiais tipicamente brasileiros, como a madeira, que é a principal matéria-prima do trabalho de Sérgio Rodrigues, e o couro buscando inovação e um conforto particular.
Durante a construção de Brasília Oscar Niemeyer solicitou vários móveis a Sérgio que foram utilizados no Palácio Catetinha, Palácio dos Arcos, Senado Federal, os ministérios, Memorial JK, Universidade de Brasília, entre outros. Sérgio refere-se a esta fase como “a época em que desenhei muito móvel de ministro.”. Sua principal criação foi a Poltrona Candango, para o Auditório Dois Candangos, da Universidade de Brasília.
Segundo Millôr Fernandes, Sérgio olhava os móveis como objeto de arte, sem esquecer que ele era também de uso. Sérgio Rodrigues teve destaque nacional e internacional, como a criação da Poltrona Mole, que foi primeiro lugar no IV Concorso Internazionale de Mobile, em Cantu, Itália 1961, premiada pela expressão de regionalidade, “único modelo com características atuais, apesar da estrutura com tratamento convencional, não influenciado por modismos e absolutamente representativo da região de origem.”.
Foi criada em 1957, por encomenda do fotografo Otto Stupakoff. Sérgio contou como foi em entrevista a revista Casa e Jardim, 1977: “Sérgio, bola aí um sofá esparramado, como se fosse de sultão, para o canto do meu estúdio! Matei a bola no peito, mas cadê a cabeça para manda-la às redes? O tempo foi passando e nada. Muito risco (segundo Lucio da Costa, arquiteto não rabisca, risca) jogado na cesta. Ao computador da cuca não faltaram idéias, mas selecionar soluções que brotavam e transforma-las em algo palpável, sentavél, que tivesse, além do mais, como o Otto queria, um apelo ao descanso e que fosse barato. (...) Certo dia, precisamente há vinte anos atrás, a idéia se materializou (...). Mais um par de dias para ser calculado exatamente o preço da peça e um telefonema para que o Otto caísse de costas: 29 contos. Quem ficou desanimado fui eu. Exigi novos cálculos e estes foram refeitos para tentar baixar o orçamento, e o preço foi retificado: 37 contos. Haviam esquecido de computar alguma coisa.”
Em 1958 foi executada e exposta na “ Móveis como Objeto de Arte”, organizada pela Oca, porém ela não foi bem recebida, chegavam a dizer “pra cama de cachorro ta muito caro”.
Fabricada em Jacarandá maciço, almofadões em atanado fino e percintas em couro natural, recebeu o nome de Mole pois os operários da fabrica a chamavam de molenga. O móvel ficou encalhado até pessoas como Carlos Lacerda, Niomar Muniz Sodré Bittencourt, Roberto Marinho, Adolpho Block e outros se interessarem pela peça. A poltrona Mole também ficou conhecida como Sheriff, nos livros internacionais de crítica especializada.
Sérgio se orientou pela busca da funcionalidade técnico – prático e estético – simbólico. “O móvel surpreendeu por reverenciar a identidade nacional, numa época em que predominava a influência estrangeira na decoração das casas do país.
Foi aí que o talento estético de Sergio Rodrigues veio ao encontro do meu bom senso e exigência de conforto e, inesperadamente, empurrou embaixo de mim a já citada Poltrona Mole. Onde não me sentei. Deitei e rolei. Que artefato meus amigos! Uns dizem que é slouchingly casual, outros que antecipou a Bossa Nova, Sergio Augusto afirma que é um móvel em que a pessoa se repoltreia, e Odilon Ribeiro Coutinho que “tem o dengo e a moleza libetina da senzala". Sei lá. Pra mim, essencialmente couro, foi natural curtição. Anatômica, convidativa, insinuante. Atração fatal. Sharon Stone. É prazer sem igual sentar-deitar numa e ficar olhando em frente, uma outra da Bauhaus. Melhor, uma outra Mole.” Millôr Fernandes
Por causa de alguns problemas, Sérgio acaba deixando a Oca e em 1968 monta seu próprio atelier no Rio de Janeiro, desenvolvendo linhas de móveis para produção industrial, projetos de arquitetura e ambientação para hotéis, residências e escritórios, bem como sistemas de casas pré-fabricadas.
Rodrigues fez ainda projetos de mobiliário para vários edifícios governamentais, como a Embaixada do Brasil na Piazza Navona em Roma, a Universidade de Brasília, o Palácio dos Arcos, o Teatro Nacional de Brasília.
Devido a seus trabalhos, ganhou vários prêmios e participou de inúmeras exposições na Itália e no Brasil, como: a Mostra Convegno Brasile 93, La Costruzione de una Identità Culturale, em Brescia, Itália, em conjunto com Lúcio Costa e Zanine Caldas; da Bienal de Arquitetura de São Paulo; e da Tradição e Ruptura.



Shely, Thaiz, Daniela e Érica.
Universidade Anhembi Morumbi
Escola de Arte, Arquitetura, Design e Moda
Design de moda
Turma MB4

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